Dupla cidadania: o que é e quem tem direito?
Renata Bueno • 22 de outubro de 2024

Com o avanço da globalização, cada vez mais pessoas buscam expandir seus horizontes e explorar as oportunidades oferecidas por diversos outros países. Um dos caminhos mais promissores para isso é a aquisição da dupla cidadania, um direito que pode abrir portas tanto no Brasil quanto no exterior. 


Seja para quem deseja trabalhar, estudar, ou simplesmente viver em outro país, a dupla cidadania oferece uma série de vantagens que vão além das fronteiras. 


Mas o que realmente significa ter dupla cidadania e como obtê-la? Vamos explorar neste conteúdo todos os detalhes sobre o tema.


O que é dupla cidadania?

A dupla cidadania, ou cidadania múltipla, ocorre quando um indivíduo é considerado legalmente cidadão de dois ou mais países ao mesmo tempo. Isso significa que ele possui direitos e deveres em ambos os países como eleitor, podendo se candidatar a cargos políticos e receber benefícios sociais, ao mesmo tempo em que deve seguir as leis de cada nação. 


Essa condição não é incomum em um mundo cada vez mais interconectado, onde laços familiares, históricos ou culturais podem levar uma pessoa a adquirir a cidadania de outro país.


Além disso, a dupla cidadania é amplamente reconhecida por diversos países, embora algumas imponham restrições ou obriguem a renúncia à cidadania original. No caso do Brasil, o governo permite que seus cidadãos possuam cidadania múltipla, desde que adquiridas por direito de nascimento ou descendência.


Como funciona a dupla cidadania?

Ter dupla cidadania significa que uma pessoa pode usufruir de todas as prerrogativas de dois (ou mais) países simultaneamente. Isso inclui:


Passaportes: O cidadão pode possuir passaportes de dois países, o que facilita a mobilidade entre diferentes regiões. Por exemplo, cidadãos da União Europeia podem transitar livremente entre os países do bloco.


Direitos civis: Dependendo da legislação local, o cidadão pode votar e candidatar-se a cargos políticos em ambos os países, além de ter acesso a serviços públicos, como saúde e educação.


Obrigações legais: As obrigações podem variar, mas em geral, o cidadão com dupla nacionalidade deve obedecer às leis de ambos os países, inclusive em relação às questões fiscais e de serviço militar, se aplicável.


Cada país tem suas próprias regras sobre como essa condição será tratada, e é importante entender os requisitos legais específicos de cada local. 


Para os brasileiros, a Constituição permite que eles mantenham a cidadania mesmo após adquirir outra nacionalidade, contanto que essa nova cidadania seja obtida por descendência ou casamento.


Como conseguir dupla cidadania no Brasil ou no exterior?

A obtenção de dupla cidadania pode acontecer de várias formas, sendo as mais comuns:


  1. Jus Sanguinis (direito de sangue): Cidadania adquirida por descendência. Muitos países, como a Itália, concedem cidadania a descendentes de seus cidadãos, independentemente do local de nascimento. Isso significa que, mesmo que você tenha nascido no Brasil, mas seus avós ou bisavós eram italianos, você pode ter direito à cidadania italiana.
  2. Jus Soli (direito de solo): Cidadania adquirida pelo local de nascimento. No Brasil, por exemplo, qualquer pessoa nascida no território nacional é automaticamente considerada  cidadã brasileira, mesmo que seus pais sejam estrangeiros.
  3. Naturalização: Processo pelo qual um estrangeiro pode solicitar a cidadania de um país, após atender certos requisitos, como tempo de residência, conhecimento da língua local e integração à cultura do país. No Brasil, o tempo de residência necessário para solicitar a naturalização varia entre 4 e 15 anos, dependendo das situações.
  4. Casamento: Em muitos países, o casamento com um cidadão pode facilitar o processo de naturalização. No entanto, em geral, o casamento não garante automaticamente a cidadania, sendo necessário passar por um processo legal.
  5. Investimentos ou contribuições: Alguns países oferecem programas de cidadania por investimento, onde estrangeiros podem obter a cidadania por meio de contribuições financeiras significativas para a economia local.


Quais são as vantagens de ter dupla cidadania?

A dupla cidadania oferece uma série de benefícios que podem variar dependendo dos países envolvidos. Algumas das principais vantagens incluem:


Liberdade de movimento: Cidadãos de países da União Europeia, por exemplo, podem se deslocar livremente entre os países membros, viver, trabalhar e estudar em qualquer um deles sem necessidade de vistos ou autorizações especiais.


Benefícios sociais: Dependendo do país, a dupla cidadania pode garantir o acesso a benefícios sociais, como assistência médica, educação gratuita ou subsidiada e aposentadoria.


Diversificação de oportunidades econômicas: Com a dupla cidadania, é possível abrir negócios, investir ou trabalhar em diferentes países, aproveitando as melhores condições econômicas ou tributárias de cada nação.


Segurança: A possibilidade de viver legalmente em mais de um país oferece uma "válvula de escape" em situações de crise política, econômica ou de segurança no país de origem.


Facilidade de estudo: Cidadãos com dupla nacionalidade podem ter acesso facilitado a universidades estrangeiras, muitas vezes com descontos em taxas ou até mesmo a possibilidade de se candidatar a bolsas oferecidas a cidadãos desse país.


Por que a cidadania italiana é uma excelente porta de entrada para a Europa?

A cidadania italiana é uma das mais procuradas pelos descendentes no Brasil e ao redor do mundo. Isso se deve ao fato de que a Itália possui uma legislação flexível em relação ao direito de sangue (jus sanguinis), permitindo que descendentes de italianos, mesmo de gerações distantes, reivindiquem a cidadania.


Além disso, ao obter a cidadania italiana, o indivíduo adquire automaticamente o status de cidadão europeu, o que traz uma série de benefícios, tais como:


Livre circulação na União Europeia: Com o passaporte italiano, é possível viver, trabalhar e estudar em qualquer um dos 27 países-membros da UE sem a necessidade de vistos ou autorizações adicionais.


Direitos sociais e trabalhistas: O cidadão italiano tem direito a se beneficiar dos sistemas de saúde e segurança social dos países da União Europeia.


Oportunidades de estudo: As universidades europeias oferecem condições vantajosas para os cidadãos da UE, com acesso a programas de bolsas e taxas reduzidas em muitas instituições.


Essas vantagens tornam a cidadania italiana uma excelente opção para quem busca expandir suas possibilidades no exterior, seja para morar na Europa ou mesmo para facilitar viagens e negócios em outros continentes.


Quem tem direito à dupla cidadania?

O direito à dupla cidadania depende das leis de cada país. No caso do Brasil, como já indicado, é permitido manter a nacionalidade brasileira ao adquirir uma segunda nacionalidade, desde que esta tenha sido obtida por direito de sangue, nascimento ou naturalização.


Alguns dos critérios mais comuns para se qualificar à dupla cidadania são:


Descendência: Países como Itália, Portugal e Alemanha concedem cidadania aos descendentes de seus cidadãos.


Residência: Após viver por um período determinado em um país, é possível solicitar uma cidadania, desde que atendidos os requisitos locais.


Casamento: O casamento com um cidadão pode facilitar o processo, como acontece com a cidadania portuguesa ou espanhola.


É sempre importante consultar um especialista em cidadania para verificar a elegibilidade e os procedimentos necessários para o processo.


Conclusão

A dupla cidadania é um recurso valioso que pode transformar a vida de uma pessoa, abrindo portas para novas oportunidades em diferentes partes do mundo. 


Seja para estudar, trabalhar, ou simplesmente garantir mais segurança e liberdade de escolha, o processo vale o esforço. Especialmente para descendentes de italianos, a cidadania italiana é uma via de acesso a uma série de benefícios dentro da União Europeia.

 

Portanto, conhecer seus direitos e entender os requisitos legais é o primeiro passo para explorar tudo o que a dupla cidadania tem a oferecer.


Conheça o Instituto Cidadania Italiana e garanta o seu direito.

Últimas matérias

Por Renata Bueno 15 de outubro de 2025
A Itália deu início a uma das maiores reformas administrativas de sua história recente. A Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que transforma por completo a forma como o Estado italiano se relaciona com seus cidadãos e empresas que vivem fora do país. Entre as mudanças mais significativas estão a criação de um sistema centralizado para reconhecimento da cidadania italiana , a integração total do AIRE e a modernização de serviços consulares até o ano de 2028 . Fim da cidadania italiana nos consulados: nasce o Serviço Central do MAECI Um dos pontos mais comentados da nova lei é o fim da análise da cidadania italiana por descendência (iure sanguinis) nos consulados . A partir de 2028 , todos os pedidos deverão ser enviados diretamente a um novo órgão central , vinculado ao Ministério das Relações Exteriores (MAECI) . Esse serviço será o responsável exclusivo por avaliar e reconhecer a cidadania de quem tem origem italiana no exterior. A mudança elimina as diferenças de tempo e tratamento entre consulados, um problema histórico que fazia com que alguns processos demorassem mais de uma década em determinadas jurisdições. Durante o período de transição, entre 2026 e 2027 , os consulados ainda poderão receber pedidos — mas em volume limitado: apenas o mesmo número de processos concluídos no ano anterior , respeitando um mínimo de 100 por sede. Além disso, a nova legislação define: Prazo de análise de até 36 meses (antes eram 24). Apenas documentos originais serão aceitos. Comunicações por e-mail , mesmo sem assinatura digital. Possibilidade de empresas terceirizadas cuidarem da digitalização e arquivamento, com custos repassados ao requerente. O governo italiano defende que essa centralização garantirá transparência, rastreabilidade e padronização — três pontos frequentemente criticados pelos cidadãos que enfrentam filas e burocracia excessiva nos consulados. AIRE será conectado ao sistema nacional e passará a ter sanções O AIRE (Anagrafe degli Italiani Residenti all’Estero) , que hoje funciona de maneira descentralizada, passará a integrar o banco de dados nacional (ANPR) , o mesmo usado pelas prefeituras italianas. A meta é eliminar divergências entre cadastros, facilitar a atualização de endereços e simplificar a comunicação entre quem mora fora e os órgãos públicos na Itália. Entre as principais mudanças: Multas de 200 a 1.000 euros para quem não fizer o registro no AIRE. Comunicação automática de retorno à Itália , feita diretamente entre o município, o consulado e o Ministério do Interior. Critérios mais claros sobre quem deve constar no AIRE, incluindo exceções para diplomatas, militares e professores enviados ao exterior. A modernização promete reduzir erros, evitar duplicidades e garantir que italianos no exterior tenham acesso a direitos de forma mais ágil. Dupla legalização volta a valer para documentos estrangeiros A nova lei também restaura um procedimento tradicional: a dupla legalização . Documentos emitidos fora da Itália precisarão ser reconhecidos primeiro pela autoridade local e, em seguida, pelo consulado italiano competente . A medida busca reforçar a autenticidade das assinaturas e resolver problemas práticos enfrentados por quem apresenta documentos em diferentes jurisdições. Documentos e passaportes com novas regras de emissão No campo documental, a Itália também avança na digitalização dos processos . A carteira de identidade eletrônica , por exemplo, poderá ser solicitada diretamente em municípios italianos por cidadãos residentes no exterior , sob regulamentação conjunta do MAECI e do Ministério do Interior. O documento, porém, só terá validade internacional se não houver impedimentos legais, nesses casos, trará a observação: “Documento non valido ai fini dell’espatrio”. As regras para emissão de passaportes também serão modernizadas, priorizando sistemas eletrônicos e maior integração de dados. Investimento público e nova estrutura administrativa A criação do novo sistema central exigirá investimento anual superior a 8 milhões de euros até 2028 . O MAECI receberá reforço de 87 novos servidores públicos , entre dirigentes e assistentes, e parte das taxas pagas por pedidos de cidadania será redistribuída aos consulados , garantindo recursos para a contratação de pessoal local e melhoria de atendimento. Caminho político e próximos passos A proposta foi aprovada na Câmara dos Deputados com 144 votos a favor, 87 contrários e 5 abstenções , mesmo com 68 parlamentares ausentes por missão. As disposições para essa revisão seguem agora para o Senado , onde poderá receber ajustes antes da aprovação definitiva. O governo italiano afirma que a reforma pretende tornar os serviços consulares mais modernos, uniformes e eficientes , encerrando disparidades regionais e longos períodos de espera que afetam milhões de descendentes italianos no exterior. Se confirmada sem alterações, a nova estrutura entrará em vigor a partir de 2025 , com implementação completa prevista para 2028 . Fonte: Portal Italianismo
Por Gustavo Messaggi 14 de outubro de 2025
Descubra como participar do curso de enfermagem em Roma oferecido pelo Instituto Cidadania Italiana e CAF Internazionale.
World with European landmarks and airplane, encircled by EU stars, under a blue sky.
Por Renata Bueno 6 de outubro de 2025
Viajar para a Europa muda em outubro: saiba tudo sobre o EES, o novo sistema digital de entrada e saída, e como ele afeta brasileiros com cidadania italiana.

Fale com um de nossos especialistas  e saiba como conquistar a sua Cidadania Italiana?